segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Música falada

O bom e velho Marcelo Nova. Uma figura como poucas. Antes de entrar no TCA bebi com destreza duas cervejas no boteco Cervantes, bem ao lado do teatro, enquanto esperava uma amiga que iria me acompanhar no show. Foi fundamental para entrar no TCA sem a carga do dia-a-dia, longe da rotina e mais próximo da arte. Foi alvissareiro.

Marcelo Nova num formato bem diferente se comparado ao último show que fui do velho Marceleza há cerca de oito anos. Um pouco mais comedido, mas sempre contundente, direto e pornográfico. Contou como foi o seu primeiro contato com o rock and roll, o vislumbre com o mundo da música, a primeira banda, os problemas com as gravadoras, a relação com as drogas e, claro, o encontro com Raulzito. Autenticidade é sinônimo de Marcelo Nova. Enquanto falava que a banda Raulzito e os Panteras havia mudado seu modo de ver a música, de ver a vida, ele convida os integrantes da banda para entrar no palco. Foi o ápice. Três figuras adentraram ao palco com simplicidade, mas com segurança. Foi rock and roll puro, de qualidade. Que saudade de ouvir um som assim...

O formato do Música Falada não é lá muito o perfil do velho Marceleza, mas ele tirou de letra. Foi elegante com os convidados pra entrevista, nem tanto com o público, que insistia nos sucessos como “Silvia”. Marceleza tocou o que quis, do jeito que quis e ainda com o filho a tiracolo. Terminou tudo convidando o parceiro com quem compôs um velho sucesso, em homenagem ao Simca.

O bom e velho rock and rolll em plena terça. Valeu Marceleza!

Visões vis

As vezes não tem coisa melhor que o silêncio das paredes, que o eco dos corredores que nos dão a sensação de que estamos sós. Para uns a solidão pode ser desesperadora, assustadora. Para outros a solução de muitos conflitos. Por alguns minutos, talvez horas, temos uma leve sensação de que somos os únicos e que não veremos ser humano algum pelo resto das nossas vidas. Mas eis que o celular toca, eis que a campainha também toca, eis que o entregador de gás ou carteiro bate a sua porta. Voltamos à sociedade.

Por falar em sociedade, hoje refleti muito sobre a nossa sociedade. A brasileira, mais especificamente a baiana, soteropolitana. Depois de assistir três vezes ao filme Apocalipto e tentar entender um pouco sobre a sociedade maia, procurei compreender essa sociedade que me cerca. Uma sociedade de pessoas vis, preocupadas só com o que lhe convém, concentradas com as conquistas pessoais e materiais, loucas e sedentas em levar vantagem nas mínimas situações. Engraçado. Estão sempre prontas para apontar, condenar e desconfiam de tudo e de todos porque sabem exatamente que o restante é fatalmente igual a ela. Por isso, sempre, mas sempre mesmo esperam o pior dos outros que a cercam. Ah, as pessoas vis. Tão tacanhas nos seus mundos. Tão imbecis nas suas convicções. Tão limitadas, pobres. Não conseguem enxergar nada além do que está na sua frente.

O que isso tem a ver com a sociedade maia? Bom, melhor assistir ao filme. Mas posso adiantar que eles usavam de outros argumentos, de outras convicções para atacar, aprisionar, ludibriar, escravizar, condenar e, claro, como uma sociedade pré-colombiana, matar.