sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Bring back

Hoje vindo do trabalho pra casa, cerca de 30 quilómetros que faço normalmente em 40 minutos quando o trânsito tá bom, vim pensando numa música. A melodia não me saía da cabeça, mas ao mesmo tempo não conseguia recordar que canção era. Sabia que era internacional, algum grupo britânico, talvez. Mas não dava, era impossível recordar. Aflição danada!

Aí cheguei em casa, troquei de roupa e procurei abstrair. Peguei o violão, que há muito não era tocado, uma semana pelo menos, e acabei dando um acorde que fez vir á tona a melodia completa. A música veio naturalmente, deslizando os sons nos meus pensamentos, as notas no braço do pinho e as primeiras letras vieram sorrateiramente. O primeiro verso: "love of my life, you´ve hurt me". Ufa!! Na voz de Freddy Mercury, Queen, "Love of My Life". Que canção linda.

Gostaria que ouvissem essa canção...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

domingo, 20 de setembro de 2009

Sábado de bossa

Mesmo tendo passado a noite meio mal de sexta para sábado, com direito a febre, dor no corpo e mal estar, o dia seguinte foi ótimo. O sempre amigo Neto veio aqui em casa com a esposa e ficamos conversando horas sobre coisas bobas da vida e, claro, sobre música. Tocar foi inevitável, né. Passamos horas tocando bossa nova e discutindo letras, arranjos, estilos e possíveis releituras de canções consagradas de Tom, Vinicius e Baden.

Conheci poucas pessoas que tocam contrabaixo como esse meu amigo, viu. Ele não apenas toca bem, tem técnica e domina a teoria musical. Ele vai além, toca com alma, emoção e muito, mas muito prazer. É incrível e isso me chamou atenção quando eu o conheci ainda em Leeds, numa noite chuvosa e fria do inverno inglês. Percebi de primeira que o cara era todo sentimento com o baixo nas mãos.

Estar com essa figura é sempre prazeroso e nos faz acreditar que ainda existem pessoas de bom caráter e apaixonadas pela arte.

Valeu Neto! Você é o cara.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

É um vício

É chegar na redação cedo, ler os periódicos, ler o relatório de edição da noite anterior, ver as pautas do dia, consultar a ronda da produção, ver o andamento das matérias com os repórteres, subir nas ilhas, cortar, fazer cabeça, pôr o tempo dos VTs, arrumar o espelho, imprimir o espelho, descer matéria, algo novo? Factual? Derruba VT e põe o outro.

As matérias que não chegam, falta pouco. Chega nos últimos minutos, edita rápido, corta, faz cabeça, não esquece o tempo, soma o tempo do jornal, confere o espelho, imprime o espelho leva pros editores, imprime o roteiro. Faz maquiagem, põe o lapela, revisa o roteiro, põe o ponto, poucos minutos, segundos, vai começar...atenção! No ar. Ufa! Pouco menos de 20 minutos de laudas, VTs no ar e notas ao vivo... acaba o jornal.

Ahhh...como sentia falta dessa rotina, tão louca mas tão viciante ao mesmo tempo. Voltei a ela, depois de um longo período fazendo programa semanal, gravado, sem muita emoção. Ao vivo, tudo na hora, adrenalina, é muuuuito melhor. Nem se compara. É bom sentir esse gostinho novamente quando o jornal vai entrar em 3 segundos e você tá ali, só esperando. O mesmo gostinho de há cinco anos atrás quando apresentei pela primeira vez o Economia e Política, na TVE. Bons tempos... Nivaldinho, Cynthia, Nanda, Dora.... um aprendizado que deixou muito mais que lições.

Quem já trabalhou numa redação de TV sabe do que estou falando.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Baptizein

Os católicos e imagino que também os evangelhos dizem que as crianças devem ser batizadas mesmo sem entender o que isso significa. É uma forma de reconhecer, insconscientemente, a existência de Jesus e os seus ensinamentos. Eu que nunca fui muito afeito a religiões, discordo dessa premissa mas ao mesmo tempo respeito quem a segue. O Batismo vem do grego "baptizein", que quer dizer "mergulhar na água". A água, portanto, é o elemento fundamental do batismo.

Bom, esse nariz de cera todo foi para dizer que Vinicius será batizado no próximo domingo. Isso mesmo. Sem entender nada do que está acontecendo, ele terá a cabeça molhada por um padre que nós nunca vimos na vida e que falará palavras da Bíblia que justificam o ato de entrega. É como se os pais entregassem o pequeno a Deus. No futuro próximo, ele próprio, assim como eu, poderá discordar de tal decisão de sua família. Mas aí já estará feito e ele não será mais pagão, termo que provoca ojeriza a seus parentes católicos.

Sinceramente, não acredito que o simples gesto e o milenar ritual trará diferença ou fará dele um homem melhor ou pior. Somos aquilos que acreditamos ser, moldados pelas nossas experiências e pelas pessoas que passaram por nossas vidas com seus aprendizados. Isso sim faz a diferença. Seremos melhor ou pior a depender do que passamos nas nossas vidas. E é, claro, que a índole e a genética jogam um papel muito importante nisso tudo. Portanto, é nisso que acredito.

Mas vou lá, estarei lá presente. Irei presenciar o primeiro contato do pequeno com os religiosos. Aqueles que nos prometem a vida eterna no reino dos céus.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Amadureçam as ilusões da vida

Semana que começa com um dia a menos, mas com muitas novas possibilidades à vista. Sabe aquela sensação boa de mudança iminente? Aquela sensação que mesmo sendo positiva e promissora dá um friozinho na barriga e faz a gente rever muita coisa em nossas vidas? Pois é, é o que estou sentindo nesse momento em que vos escrevo.

Novo trabalho, novos desafios profissionais. Novas revelações também. São coisas assim que nos fazem acreditar que é possível ser feliz, mesmo quando tudo indica o contrário. Retornei da viagem que fiz nesse feriadão com esse sentimento. Reencontrei familiares, amigos que há muito não via e, mais do que isso, renovei as energias para essa nova fase que começa agora.

É claro que como todo recomeço, ele está cheio de esperanças, ilusões e expectativas que fatalmente podem cair por terra. É como digo sempre a alguns amigos: deixa acontecer, mesmo que as conseqüências futuras sejam dolorosas e nos deixem marcas difíceis de apagar. É próprio da vida. É a incessante busca.

Quero aqui agradecer a todos os amigos pelo carinho e pela força de sempre. Aproveito para deixar uns versinhos de Vinicius que talvez se encaixe bem em tudo isso que está acontecendo.

“Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece”

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

primeiras letras...

“É fato. Deixei a Kianda, deixei suas ruas engarrafadas, seu povo alegre, os amigos do Maculusso, do Cazenga, do Gamek, da Talatona. Deixei o Largo das Ingombotas. Deixei um sorriso dentro de um jeep, deixei amigos brasileiros, angolanos e portugueses. Deixei as noites da Ilha, a cena da Baía à noite... deixei palavras soltas numa noite de sexta-feira no Cais de Quatro”.

As palavras citadas no parágrafo acima foram uma das últimas do “Impressões da Kianda”. Nem considerava um blog, sinceramente. Quando estava pegando o espírito da coisa, o interessante hábito de escrever qualquer tipo de texto, sem métrica, sem técnica, sem tema e sem preocupações estéticas, tive de interromper porque o propósito inicial já não fazia sentido. Já não habitava mais a Kianda. Bom, aí os amigos, jornalistas em sua maioria, pediram que voltasse a escrever. Mas eu confesso que não tava nem um pouco afim. Só que ontem, depois de passar uma tarde inteira na livraria a procura de um livro que eu mesmo nem sei qual é, essa vontade veio avassaladora, voraz. Li fragmentos de Neruda, Vinicius, Pessoa e até Leminski. Pensei que poderia fazer como eles, quanta pretensão a minha. Mas que poderia escrever sobre qualquer tema, o que viesse à cabeça nesse novo contexto que estou vivendo após quase dois meses da chegada de Angola.

Resolvi que voltaria a escrever o blog, talvez até para saciar a curiosidade dos velhos (novos) amigos que deixei do outro lado do Atlântico que tanto clamam por notícias e enlouquecem o meu MSN. Esqueci de citar que o fato de que ter assistido ao longa “Nome Próprio”, em que a personagem principal transforma seu blog no seu meio de sobrevivência, me despertou um gosto pelo texto diário, cotidiano e despretensioso. Como jornalista sou obrigado a escrever sobre factóides noticiosos e outros assuntos que estão na grande mídia. E isso, caros amigos, não me dá prazer algum.

Pronto. Se precisava de motivos, aqui estão eles. Prometo ser fiel aos dias, impreciso, parcial, subjetivo, inconseqüente, poético, ébrio e leviano. Tudo que não posso ser no jornalismo diário, no ofício da profissão. Letras e copos.