sábado, 22 de maio de 2010

Das coisas que levei sobrou nada

Das coisas que levei sobrou nada
Do que disse e atirei ao vento...
Daquele olhar que carreguei na estrada
Só ficaram impressões no pensamento

Se acaso soubesse o que era e seria
Deveras faria diferente
Mas era menino e não sabia
Fiz de tudo e não fui contente

Na praia do porto numa noite quente
Aqueles olhos me desconcertaram
Aí estive bem perto, mas fiquei demente
Até as palavras me faltaram!

Hoje me falta tudo, bebo agonia
fumo tristeza e cheiro poesia...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Música falada

O bom e velho Marcelo Nova. Uma figura como poucas. Antes de entrar no TCA bebi com destreza duas cervejas no boteco Cervantes, bem ao lado do teatro, enquanto esperava uma amiga que iria me acompanhar no show. Foi fundamental para entrar no TCA sem a carga do dia-a-dia, longe da rotina e mais próximo da arte. Foi alvissareiro.

Marcelo Nova num formato bem diferente se comparado ao último show que fui do velho Marceleza há cerca de oito anos. Um pouco mais comedido, mas sempre contundente, direto e pornográfico. Contou como foi o seu primeiro contato com o rock and roll, o vislumbre com o mundo da música, a primeira banda, os problemas com as gravadoras, a relação com as drogas e, claro, o encontro com Raulzito. Autenticidade é sinônimo de Marcelo Nova. Enquanto falava que a banda Raulzito e os Panteras havia mudado seu modo de ver a música, de ver a vida, ele convida os integrantes da banda para entrar no palco. Foi o ápice. Três figuras adentraram ao palco com simplicidade, mas com segurança. Foi rock and roll puro, de qualidade. Que saudade de ouvir um som assim...

O formato do Música Falada não é lá muito o perfil do velho Marceleza, mas ele tirou de letra. Foi elegante com os convidados pra entrevista, nem tanto com o público, que insistia nos sucessos como “Silvia”. Marceleza tocou o que quis, do jeito que quis e ainda com o filho a tiracolo. Terminou tudo convidando o parceiro com quem compôs um velho sucesso, em homenagem ao Simca.

O bom e velho rock and rolll em plena terça. Valeu Marceleza!

Visões vis

As vezes não tem coisa melhor que o silêncio das paredes, que o eco dos corredores que nos dão a sensação de que estamos sós. Para uns a solidão pode ser desesperadora, assustadora. Para outros a solução de muitos conflitos. Por alguns minutos, talvez horas, temos uma leve sensação de que somos os únicos e que não veremos ser humano algum pelo resto das nossas vidas. Mas eis que o celular toca, eis que a campainha também toca, eis que o entregador de gás ou carteiro bate a sua porta. Voltamos à sociedade.

Por falar em sociedade, hoje refleti muito sobre a nossa sociedade. A brasileira, mais especificamente a baiana, soteropolitana. Depois de assistir três vezes ao filme Apocalipto e tentar entender um pouco sobre a sociedade maia, procurei compreender essa sociedade que me cerca. Uma sociedade de pessoas vis, preocupadas só com o que lhe convém, concentradas com as conquistas pessoais e materiais, loucas e sedentas em levar vantagem nas mínimas situações. Engraçado. Estão sempre prontas para apontar, condenar e desconfiam de tudo e de todos porque sabem exatamente que o restante é fatalmente igual a ela. Por isso, sempre, mas sempre mesmo esperam o pior dos outros que a cercam. Ah, as pessoas vis. Tão tacanhas nos seus mundos. Tão imbecis nas suas convicções. Tão limitadas, pobres. Não conseguem enxergar nada além do que está na sua frente.

O que isso tem a ver com a sociedade maia? Bom, melhor assistir ao filme. Mas posso adiantar que eles usavam de outros argumentos, de outras convicções para atacar, aprisionar, ludibriar, escravizar, condenar e, claro, como uma sociedade pré-colombiana, matar.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Bring back

Hoje vindo do trabalho pra casa, cerca de 30 quilómetros que faço normalmente em 40 minutos quando o trânsito tá bom, vim pensando numa música. A melodia não me saía da cabeça, mas ao mesmo tempo não conseguia recordar que canção era. Sabia que era internacional, algum grupo britânico, talvez. Mas não dava, era impossível recordar. Aflição danada!

Aí cheguei em casa, troquei de roupa e procurei abstrair. Peguei o violão, que há muito não era tocado, uma semana pelo menos, e acabei dando um acorde que fez vir á tona a melodia completa. A música veio naturalmente, deslizando os sons nos meus pensamentos, as notas no braço do pinho e as primeiras letras vieram sorrateiramente. O primeiro verso: "love of my life, you´ve hurt me". Ufa!! Na voz de Freddy Mercury, Queen, "Love of My Life". Que canção linda.

Gostaria que ouvissem essa canção...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

domingo, 20 de setembro de 2009

Sábado de bossa

Mesmo tendo passado a noite meio mal de sexta para sábado, com direito a febre, dor no corpo e mal estar, o dia seguinte foi ótimo. O sempre amigo Neto veio aqui em casa com a esposa e ficamos conversando horas sobre coisas bobas da vida e, claro, sobre música. Tocar foi inevitável, né. Passamos horas tocando bossa nova e discutindo letras, arranjos, estilos e possíveis releituras de canções consagradas de Tom, Vinicius e Baden.

Conheci poucas pessoas que tocam contrabaixo como esse meu amigo, viu. Ele não apenas toca bem, tem técnica e domina a teoria musical. Ele vai além, toca com alma, emoção e muito, mas muito prazer. É incrível e isso me chamou atenção quando eu o conheci ainda em Leeds, numa noite chuvosa e fria do inverno inglês. Percebi de primeira que o cara era todo sentimento com o baixo nas mãos.

Estar com essa figura é sempre prazeroso e nos faz acreditar que ainda existem pessoas de bom caráter e apaixonadas pela arte.

Valeu Neto! Você é o cara.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

É um vício

É chegar na redação cedo, ler os periódicos, ler o relatório de edição da noite anterior, ver as pautas do dia, consultar a ronda da produção, ver o andamento das matérias com os repórteres, subir nas ilhas, cortar, fazer cabeça, pôr o tempo dos VTs, arrumar o espelho, imprimir o espelho, descer matéria, algo novo? Factual? Derruba VT e põe o outro.

As matérias que não chegam, falta pouco. Chega nos últimos minutos, edita rápido, corta, faz cabeça, não esquece o tempo, soma o tempo do jornal, confere o espelho, imprime o espelho leva pros editores, imprime o roteiro. Faz maquiagem, põe o lapela, revisa o roteiro, põe o ponto, poucos minutos, segundos, vai começar...atenção! No ar. Ufa! Pouco menos de 20 minutos de laudas, VTs no ar e notas ao vivo... acaba o jornal.

Ahhh...como sentia falta dessa rotina, tão louca mas tão viciante ao mesmo tempo. Voltei a ela, depois de um longo período fazendo programa semanal, gravado, sem muita emoção. Ao vivo, tudo na hora, adrenalina, é muuuuito melhor. Nem se compara. É bom sentir esse gostinho novamente quando o jornal vai entrar em 3 segundos e você tá ali, só esperando. O mesmo gostinho de há cinco anos atrás quando apresentei pela primeira vez o Economia e Política, na TVE. Bons tempos... Nivaldinho, Cynthia, Nanda, Dora.... um aprendizado que deixou muito mais que lições.

Quem já trabalhou numa redação de TV sabe do que estou falando.