quarta-feira, 2 de setembro de 2009

primeiras letras...

“É fato. Deixei a Kianda, deixei suas ruas engarrafadas, seu povo alegre, os amigos do Maculusso, do Cazenga, do Gamek, da Talatona. Deixei o Largo das Ingombotas. Deixei um sorriso dentro de um jeep, deixei amigos brasileiros, angolanos e portugueses. Deixei as noites da Ilha, a cena da Baía à noite... deixei palavras soltas numa noite de sexta-feira no Cais de Quatro”.

As palavras citadas no parágrafo acima foram uma das últimas do “Impressões da Kianda”. Nem considerava um blog, sinceramente. Quando estava pegando o espírito da coisa, o interessante hábito de escrever qualquer tipo de texto, sem métrica, sem técnica, sem tema e sem preocupações estéticas, tive de interromper porque o propósito inicial já não fazia sentido. Já não habitava mais a Kianda. Bom, aí os amigos, jornalistas em sua maioria, pediram que voltasse a escrever. Mas eu confesso que não tava nem um pouco afim. Só que ontem, depois de passar uma tarde inteira na livraria a procura de um livro que eu mesmo nem sei qual é, essa vontade veio avassaladora, voraz. Li fragmentos de Neruda, Vinicius, Pessoa e até Leminski. Pensei que poderia fazer como eles, quanta pretensão a minha. Mas que poderia escrever sobre qualquer tema, o que viesse à cabeça nesse novo contexto que estou vivendo após quase dois meses da chegada de Angola.

Resolvi que voltaria a escrever o blog, talvez até para saciar a curiosidade dos velhos (novos) amigos que deixei do outro lado do Atlântico que tanto clamam por notícias e enlouquecem o meu MSN. Esqueci de citar que o fato de que ter assistido ao longa “Nome Próprio”, em que a personagem principal transforma seu blog no seu meio de sobrevivência, me despertou um gosto pelo texto diário, cotidiano e despretensioso. Como jornalista sou obrigado a escrever sobre factóides noticiosos e outros assuntos que estão na grande mídia. E isso, caros amigos, não me dá prazer algum.

Pronto. Se precisava de motivos, aqui estão eles. Prometo ser fiel aos dias, impreciso, parcial, subjetivo, inconseqüente, poético, ébrio e leviano. Tudo que não posso ser no jornalismo diário, no ofício da profissão. Letras e copos.

6 comentários:

  1. Graaaaaaaaande Jukinha ...
    Divirto-me muito ao ler os seus textos, vc sempre com esse jeito de escrever entre o espaço sideral e a terra.
    Um forte abraço do seu irmão que apesar de achar um saco essa novidades da NET tentará acessar o seu blog para ler as suas postagens.
    Um bjunda

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  2. Incólume, impoluto!! Este espaçø precioso já está entre os favoritos da minha web. Um abraço meu velho.

    Cássio Melo

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  3. Se jogue quantas, tantas vezes queira e como queira! Imparcial, puto da vida, feliz, de pileque (e dá???), pretensiosamente, ou não... Afinal, é essa a grande vantagem de escrever em nossos tempos: AS POSSIBILIDADES. beijo, véi! Rai Trindade

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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    JUKA, com K de Kianda!
    "Qualquer forma de amor vale a pena", diz a poesia-canção. Acrescento que "bale" a pena sim, sensível e exuberante-mente, escrever vida e lida. Estou aki! ANA DE BIASE.

    (apaguei post anterior, reescrevi)
    ***********************

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  6. Jukita,
    Senti verdadeiramente não ter lhe encontrado. Até o meu próximo regresso, em março ou abril, pelo menos você me dará o prazer de partilhar das suas vivências e estar mais perto de você.
    Saudades,

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